Sedimentos
«Não tenho nenhuma lei nem regra para desordenar um poema escrito»
Herberto Helder
Sedimento é o resíduo que assenta no fundo, o que fica depois de tudo, em repouso: o vestígio que permanece; aquilo que sobra do que desapareceu. Aqui irei coligir reflexões, convulsões, referências, poesia, apontamentos e outras percepções entre o mundo da imagem e o das palavras. Não pretendo criar postulados, nem verdades absolutas, nem falarei de técnicas ou equipamentos. Falarei, sobretudo, do que me move, do que me inspira na busca de imagens e poesia.
2021, um ser que posso ser eu, Carla de Sousa
Reflexões, num mundo pouco reflexivo
da fuga à superficialidade do olhar
Um ser que posso ser eu
Autoretrato, auto representação: domínios de um Eu real ou ficcionado?
O vestido bordado
visto um vestido bordado
como lugar de memória
ou será… de esquecimento?
Soer
As palavras esquecidas
têm esse poder
de acordar os espíritos
curiosos
Não sei o que me demora
Não sei o que me demora.
Se a delicadeza do remate da costura da tua saia.
Se a luz que transborda a fina tela que te envolve,
como um desejo indizível e inusitado, que não se contém.
A memória impermanente
«Talvez criar não seja mais do que se lembrar profundamente.»
~ Rainer Maria Rilke