Filigrana
Naquele dia, o sol segredou-me:
– Desejo gravar
nessa tua pele de alabastro
inscrições, poemas,
confidências insuspeitas.
Usarei, por aparo,
fios de luz e sombra
que revelem,
sem deixarem de ocultar
que és minha, sem nunca o teres sido.
Vestir-te-ei, assim, da mais fina filigrana
bordarei a luz, cerzindo com a sombra.
Proclamarei que te amei, mas em segredo.
Ninguém o saberá, sabendo-o.
Sedimentos, 4 de Janeiro de 2024, Carla de Sousa